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PDJA

Personalidade do ano 2021

O Conselho de Administração do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira, EPER congratula e associa-se a esta homenagem, reiterando o reconhecimento pelo trabalho prestado no Serviço Regional de Saúde ao longo dos anos.

"Em períodos de crise, como aquele
que estamos a viver por via de uma pandemia provocada pelo vírus SARS-CoV-2, há quem se destaque no trabalho científico e técnico essencial à minimização do problema - e nem sempre ou quase nunca, são esses que o circo político-mediático reconhece. É uma questão de ter ou não ter jeito para o megafone e para frequentar os círculos “certos”. A abordagem açoriana à pandemia começou - como devem começar as abordagens a uma doença contagiosa e então sem tratamento ou vacina - pelas amostras e análises para identificar o vírus e os infetados, tentando-se assim isolar os casos e amainar a disseminação. A região não estava preparada para tal abordagem e teria que enviar as amostras para o continente, o que provocaria, ninguém duvida, um verdadeiro pandemónio. Felizmente, havia o
SEEBMO - Serviço Especializado de Epidemiologia e Biologia Molecular, que pertence ao Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira e resulta da vontade pessoal do Doutor Jácome Armas, que, contra ventos e marés, falta de vontade política e outros contratempos, impôs um serviço de qualidade reconhecida a nível nacional e internacional, o que é provado através das parcerias estabelecidas e dos trabalhos publicados. O SEEBMO chegou-se à frente, aceitou a certificação pela entidade competente, trabalhou muito tempo sozinho, foi ostracizado em momentos como entrega de novos equipamentos e mesmo quando os políticos quiseram
reconhecer alguém. Nada de novo... Em 2001, o Doutor Jácome Armas tinha terminado a tese de doutoramento no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, na Universidade do Porto, com o trabalho intitulado “Espondilartrites e doenças associadas - Heterogeneidade genética sua expressão”. Foi o primeiro médico doutorado a trabalhar nos Açores. Recorde-se que seu pai, o médico veterinário José Leal Armas, introduziu, na ilha Terceira, a inseminação artificial em Portugal com embriões congelados, técnica então de ponta que aprendeu nos EUA.
O jeito para a inovação e para o conhecimento-ação parece, assim, ser genético. Jácome Armas está à beira da reforma, segundo sabemos. Na gripe das aves de 2010 e agora na pandemia de SARS-CoV-2, o seu conhecimento, a sua ousadia e a sua teimosia (característica talvez decisiva), foram essenciais e salvaram muitas vidas açorianas. Este é o nosso modesto reconhecimento, que não dispensa o reconhecimento público que lhe é devido."

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Diário Insular